Não dá para se estudar interpretação de texto e compreensão destituídos do estudo da Tipologia textual. Pois, quando se fala de tipologia (narração e descrição, por exemplo), você está falando exatamente da estrutura do texto (“esqueleto”, “moldura”). Essa estrutura não está dissociada do significado do texto. Se você faz um texto informativo, o significado é mais objetivo. Se você faz um texto narrativo você pode estar abrindo a significação para o campo da subjetividade, do campo particular da interpretação.
O estudo da Tipologia Textual é um dos estudos mais importantes para as provas realizadas pela CESPE.
Tipos
Classicamente nós temos quatro tipos textuais:
· Descrição;
· Narração;
· Dissertação;
· Injunção.
Descrição
È o tipo menos abordado pelas provas do CESPE. O tipo de Tipologia Textual “Descrição” tem as seguintes características:
O texto é estático;
Similar a uma foto: pois tem forma e cor, e sem ação;
Predomínio de adjetivos: Por estar sempre tentando descrever algo, o texto é repleto de adjetivos qualificando e caracterizando os objetos e personagens. Muitas vezes o texto descreve a mesma cena durante todo o texto, dificilmente apresentando mudanças de assunto. O texto dificilmente se distribui em parágrafos, devido a essa falta de variação de assunto. Estes textos por estar sempre descrevendo, não possuem verbos que deem a ideia de movimentação, por isso os textos são estáticos.
Em uma determinada prova do Rio Grande do Norte, havia um texto de aproximadamente 30 linhas que apenas descrevia a cena de um avô com seu neto. Na última linha ele dizia “Uma foto seria melhor”. Isso é um texto clássico descritivo.
Predomínio de verbos nos tempos Presente e Pretérito Imperfeito do Indicativo: apesar dos verbos demonstrarem ação (que não é utilizada neste tipo de textos), eles podem aparecer em textos descritivos, porém a predominância dos verbos nos tempos Presente e Pretérito Imperfeito do Indicativo, pois estes não demonstram ações. Por exemplo, digamos que eu peça para que você se descreva:
“Eu sou uma pessoa desesperada, que deseja estudar quase o dia todo, mas no fundo eu não consigo, pois toda vez que vou estudar abro 10 milhões de livros na minha frente e não consigo dar conta dos meus estudos.”
Observe os verbos: eu quero, eu sou, eu coloco, e não consigo são verbos no Presente. Ou seja, o presente é estático.
O Pretérito imperfeito é o passado que se prolongou. Por exemplo: digamos que você tenha passado em um concurso e eu te peça para você descrever o seu passado como estudante:
“Na época eu era desesperado, eu queria estudar 8 horas por dia, mas no fundo não conseguia, pois todas às vezes que eu ia estudar abria 10 milhões de livros na minha frente e não conseguia dar conta dos meus estudos.”
Observe os verbos: eu queria, eu era, eu colocava, e não conseguia são verbos no Pretérito Imperfeito do Indicativo. Ou seja, descreve uma ação que se prolonga. È o retrato do passado.
Como exemplo de texto descritivo temos: “Como você pode ver, uma garotinha está deitada displicentemente no colo de um senhor bem velhinho e bem simpático. Ela parece um anjo. Loirinha, cabelo castanho claro, encaracolado, nariz e boca perfeitos, ar inteligente e sadio, uma dessas crianças que a gente vê em anúncios. Pelo jeito, deve ter uns três ou quatro anos, não mais que isso.” (CESPE/UERN)
Narração
O texto é dinâmico;
Existe o envolvimento de personagens;
Predomínio de nexos temporais ou espaciais: os textos narram uma ação ocorrida no decorrer de um tempo, e também no deslocamento espacial. Por exemplo: Um dia aconteceu isso, no outro aconteceu aquilo… A História começa no rio, vai para Belo Horizonte.
Predomínio de verbos no Pretérito Perfeito: Este é o tempo verbal utilizado para um evento que efetivamente tenha acabado. Por exemplo: houve a denuncia; descobriu-se que a vítima esteve no sítio; a vítima foi levada. Os fatos são pontuais, e vão desenrolando-se rapidamente.
Dissertação
Esta é a tipologia textual mais importante, e a mais cobrada em concursos públicos.
Dissertação é uma explicação sobre um determinado assunto. Existem dois tipos:
· Dissertação Expositiva ou Texto Informativo:é aquele cuja finalidade é informar o leitor de alguma coisa. O autor não opina, ele apenas transmite o saber, que não é dele, de um lugar para o outro.
· Dissertação Argumentativa: quando o autor, ao lhe informar de alguma coisa, lança a opinião dele sobre os fatos através de argumentos. Informando-te, ao mesmo tempo em que emite a própria opinião sobre o assunto.
Argumentos: são estratégias de defesa de uma tese. Geralmente, podem ser encontrados no parágrafo de desenvolvimento de um texto. Mas, algumas vezes, podem ser encontrados no primeiro parágrafo. Você pode ter como argumentos: números (provas – Ex.: 50% da população acreditam…); autoridades (atribuindo a ideia a personalidades), e exemplificação, históricos e etc.
Se a banca começar por algum destes argumentos, você percebe que este não é um texto ideal (Introdução, Desenvolvimento, Conclusão), que ele provavelmente já inicia com desenvolvimento de suas ideias. para emitir a sua opinião sobre o assunto logo em seguida.
Injunção
São os textos que emitem comandos. Por esse motivo são repletos de verbos no imperativo. Como exemplo de textos injuntivos pode-se citar as receitas de bolo (“coloque três colheres de açúcar”), bula de remédio (“Tome duas colheres de sopa ao dia”),
Dicas
Se o CESPE afirmar que um texto é informativo, provavelmente isso está correto, não importa a tipologia textual do texto. Observe, mesmo que o texto seja uma narração, ele não deixará de estar informando, pois você está sendo informado de algo. Nas provas do CESPE o termo Informativo não é apenas utilizado para categoria, mas tomada também pelo seu significado de passar uma informação.
Quando você compra um aparelho eletrodoméstico, você vai ler o manual de instruções do mesmo. E se você está lendo estas informações, você está se informando sobre o funcionamento do objeto em questão! Ou seja, é um texto descritivo com características informativas.
Resolução de Questões de Concursos Anteriores
DPE-ES – Defensor Público I (Substituto) – 2009 – CespeUnb |
Os eventos citados nas orações iniciadas por “Pacifistas” (R.1), “ecologistas” (R.3) e “Antígona” (R.4) constituem argumentos que comprovam a tese do texto: a ampliação de direitos pode resultar da violação política. 1 Pacifistas que se sentam na frente de bases militares, a fim de impedir que armamentos sejam deslocados, ecologistas que seguem navios cheios de lixo radioativo, a 4 fim de impedir que ele seja despejado no mar, Antígona que enterra seu irmão: em todos esses casos, o Estado de direito é quebrado em nome de um embate em torno da justiça. 7 No entanto, é graças a ações como essas que direitos são ampliados, que a noção de liberdade ganha novos matizes. Sem elas, certamente nossa situação de exclusão 10 social seria significativamente pior. Nesses momentos, encontramos o ponto de excesso da democracia em relação ao direito. Uma sociedade que tem medo desses momentos, 13 que não é mais capaz de compreendê-los, é uma sociedade que procura reduzir a política a um mero acordo referente às leis que atualmente temos e aos modos que atualmente 16 temos para mudá-las. No fundo, esta é uma sociedade que tem medo da política e que gostaria de substituí-la pela polícia. Pois a 19 violação política nada tem a ver com a tentativa de destruição física ou simbólica do outro, do opositor, como vemos na violência estatal contra setores descontentes da população ou 22 em golpes de Estado. Antes, ela é a força da urgência de exigências de justiça. |
RESPOSTA: CERTA
Como pode ser observado: quando ele cita “pacifistas”, “ecologistas”, e “Antígona” ele cita argumentos, exemplos que comprovam a sua tese.
TCU – Auditor Federal de Controle Externo – 2009 – CespeUnb |
A sequência narrativa inicial, relatando a origem do termo “groupthinking” (R.1), não caracteriza o texto como narrativo, pois integra a organização do texto predominantemente argumentativo.
01 O termo groupthinking foi cunhado, na década de cinquenta, pelo sociólogo William H. Whyte, para explicar como grupos se tornavam reféns de sua própria coesão, 04 tomando decisões temerárias e causando grandes fracassos. Os manuais de gestão definem groupthinking como um processo mental coletivo que ocorre quando os grupos são 07 uniformes, seus indivíduos pensam da mesma forma e o desejo de coesão supera a motivação para avaliar alternativas diferentes das usuais. Os sintomas são conhecidos: uma 10 ilusão de invulnerabilidade, que gera otimismo e pode levar a riscos; um esforço coletivo para neutralizar visões contrárias às teses dominantes; uma crença absoluta na 13 moralidade das ações dos membros do grupo; e uma visão distorcida dos inimigos, comumente vistos como iludidos, fracos ou simplesmente estúpidos. 16 Tão antigas como o conceito são as receitas para contrapor a patologia: primeiro, é preciso estimular o pensamento crítico e as visões alternativas à visão 19 dominante; segundo, é necessário adotar sistemas transparentes de governança e procedimentos de auditoria; terceiro, é desejável renovar constantemente o grupo, de 22 forma a oxigenar as discussões e o processo de tomada de decisão. |
RESPOSTA: CERTA
No primeiro parágrafo temos uma narração. Podemos observar isso pelo verbo foi, no pretérito perfeito, e a marcação temporal (década de 50). No segundo parágrafo o texto passa a citar o que os manuais dizem, exibindo característica descritiva informativa. Observando o último parágrafo, percebemos opiniões do autor, ou seja: característica descritiva opinativa.